sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Ampularias

 
  A anatomia e o funcionamento do organismo de uma pomacea são aspectos que talvez não prendam a atenção da maioria dos aquaristas. Mas quando se parte do seu comportamento, resistência surpreendente, capacidade de adaptação, e a importância das pomaceas em inúmeros ecossistemas de todo o planeta¹ – inclusive sistemas fechados como nossos aquários – aí sim conhece-se verdadeiramente as pomaceas.
  A mais comum delas é atribuir o nome ampulária como sinônimo de corbícula. Essa definição é completamente equivocada. Corbículas são moluscos bivalves dulcícolas, da família Corbiculidae, ordem Veneroidea, classe Bivalvia; ou seja, nada tem a ver com as ampulárias, família Ampullariidae, ordem Caenogastropoda (Mesogastropoda na literatura mais antiga), classe Gastropoda. Corbículas são moluscos neotropicais altamente adaptáveis, sendo introduzidos e estabelecidos com sucesso em várias regiões tropicais e subtropicais por todo o planeta. Inclusive em algumas regiões é vista como praga. Curiosamente, as corbículas são um dos únicos moluscos dulcícolas que toleram uma certa taxa de salinidade. Ou seja, tirando o fato de ambas serem moluscos dulcícolas, ampulárias e corbículas pouco têm em comum. Todos os ampularídeos possuem algumas características em comum:
  •    Sexo separado: ao contrário do que muitos pensam, ampularídeos não são hermafroditas; essa "lenda" provavelmente se deve ao fato da fêmea poder estocar o esperma do macho por um período que pode se estender por semanas ou meses;
  •    Postura de ovos acima da coluna d’água, com exceção do gênero Marisa.
  •    Respiração branquial e pulmonar;
  •    Presença do opérculo;
  •    Sifão respiratório. um órgão localizado no lado esquerdo, mais precisamente no lóbulo nucal na entrada da concha do ampularídeo, que quando contraído forma um tubo flexível. Isso permite que as ampulárias possam renovar o ar de seus pulmões continuando submersas, o que é muito vantajoso, visto que são muito vulneráveis quando fora d'água.
  •    Longos tentáculos labiais.
  •    Tendência a hábitos noturnos e fotofobia.
  As ampulárias são encontradas na natureza em lagos, pântanos e alagadiços das regiões tropicais de subtropicais de todo o mundo, principalmente na América do Sul, América Central, centro-sul da África e sudeste asiático. Normalmente são águas com pouca correnteza e oxigenação, o que favoreceu o desenvolvimento do sifão respiratório e da respiração dupla. Como os habitats onde vivem as ampulárias localizam-se em regiões com estações secas e chuvosas, tais lagos e alagadiços podem vir a secar, expondo as ampulárias à total ausência de água. Para "driblar" essa situação adversa, os ampularídeos desenvolveram um opérculo córneo, feito principalmente de queratina, que permite que o animal permaneça com sua concha firmemente fechada, evitando assim a perda excessiva de umidade. Em seu habitat natural, na época da estiagem, o ampularídeo fecha sua concha com o opérculo, enterra-se total ou parcialmente na lama e entra num estado de "hibernação", até que as condições melhorem. O opérculo também é muito útil para que a ampulária defenda-se de eventuais predadores.
 
   Identificando uma Pomacea

   Detalhes da concha, como textura da superfície, cor, etc, são muitos superficiais para definir uma espécie. A superfície da concha de uma pomacea pode ser lisa ou áspera, apresentando linhas de crescimento, por vezes podendo ocorrer uma certa maleabilidade, principalmente em indivíduos mais jovens. A concha apresenta forma de cone, com os espirais secundários arredondados e sempre partindo para a direita (é dito que pomaceas possuem uma concha "destra"). A abertura da concha é ovalada. No lado oposto da abertura da concha localiza-se o opérculo córneo. A concha pode apresentar diversas cores, entre o branco, amarelo, marrom escuro ao quase preto, com ou sem "bandas" (faixas escuras). 


Uma das maneiras mais fáceis de identificar uma Pomaceaé observando o longo sifão respiratório.

  O corpo dos ampularídeos do gênero Pomacea apresenta tentáculos cefálicos e labiais longos, além da característica mais significativa do gênero: a presença de um extenso sifão respiratório, que se estende por até 2 vezes e meia o comprimento do animal. O corpo pode apresentar colorações que variam do cinza claro ao amarelado, com ou sem pontos escuros. Todas as pomaceas colocam seus ovos seus ovos acima da coluna de água.

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